O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, disse em entrevista ao portal Seu Dinheiro nesta quarta-feira (3) que as corretoras brasileiras “não têm absolutamente nenhuma regulação” e provocou uma rápida reação dos maiores atores locais.

O executivo defendeu os ETFs de criptomoedas como uma forma mais eficiente do investidor brasileiro se expor ao mercado cripto do que comprando o ativo de forma direta nas exchanges.

Além de falar de regulação, Finkelsztain declarou que nas corretoras “o custo de operação é muito, mas muito mais alto e a proteção para o investidor é muito menor. Custa umas 50 vezes mais caro operar criptomoedas do que ações. E depois dizem que a Bolsa é cara”.

Reação do mercado brasileiro

A afirmação polêmica do presidente da B3 gerou reações no mercado brasileiro.

Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, a maior exchange nacional em operação, lamentou o posicionamento de Finkelsztain e apontou o equívoco no comentário que tenta colocar em dúvida a eficiência das corretoras.

“É uma pena que a B3 desconheça o tamanho e a força do mercado cripto. No Brasil, e considerando todas as empresas do setor, já temos mais clientes do que a bolsa brasileira. As plataformas que estão no Brasil seguem regras bem definidas que permitem manter a nossa força de inovação, proteger os investidores e oferecer custos de transação muito menores”, disse Rabelo ao Portal do Bitcoin por meio da assessoria de imprensa.

Rabelo também escreveu um post no Linkedin no qual lamentou o comentário e comparou as taxas praticadas pelos produtos financeiros com criptomoedas disponíveis na B3.

O fundador da exchange BitcoinTrade e atual CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets, Daniel Coquieri, disse à reportagem ser positivo que grandes nomes do mercado tradicional estejam de olho nas criptomoedas, mas avaliou como “desnecessária” a provocação de Finkelsztain às exchanges.

“No final do dia, o que mais o mercado reclama são os custos que não fazem mais sentido em operações que não tem mais uma necessidade de ter um centralizador como a B3. O mercado está pedindo por novas tecnologias que de fato tornem as operações mais eficientes e baratas para quem interessa: o dono do ativo e o dono do dinheiro. O resto são todos intermediários que estão só mordendo, e quanto menos intermediários, melhor”, diz Coquieri.

Ele sugere que o comentário do presidente da B3 veio como uma tentativa de tranquilizar os acionistas preocupados com a mudança do mercado. Como apontou a reportagem do Seu Dinheiro, as ações da B3 enfrentam uma queda de 40% em 2021 à medida que cresce um temor que em breve surja um concorrente para enfrentar a B3 na bolsa de valores brasileira.

A corretora mexicana Bitso, que também disputa espaço no mercado brasileiro, disse em nota que “a regulação é absolutamente importante para que o mercado tenha segurança jurídica. Essa segurança é fundamental para que as criptomoedas funcionem não apenas como um importante ativo de investimento, mas no futuro, como um meio de pagamento efetivo para todo tipo de transação, gerando valor para a sociedade nos mais diversos níveis”.

Procuradas, as corretoras Foxbit e Ripio não responderam até a publicação desta reportagem.

Regulação, IN 1888 e números

Desde 2019, todas as exchanges nacionais são obrigadas a  seguir a Instrução Normativa RFB Nº 1888 e informar as movimentações dos clientes todo mês à Receita Federal. 

Além disso, as plataformas que atuam no Brasil geralmente se mostram abertas em dialogar com reguladores e, nos casos em que há suspeita de infrações, auxiliar as investigações das autoridades.

Embora as duas operações tenham custo, é inegável ser muito mais simples para um investidor comum abrir uma conta numa exchange e negociar criptomoedas de graça do que comprar uma cota de ETF cripto na B3.

Mesmo que cada exchange tenha a sua forma de cobrar taxas dependendo do serviço ofertado, a maioria só vai cobrar tarifas no momento do saque do investidor. 

Já no caso do ETF, os administradores do fundo vão cobrar taxas de administração que podem chegar a 1,3% ao ano, além de uma taxa de até 5,5% para a criação de uma nova cota.

Além disso, é preciso levar em conta a questão tributária. ETFs contam com o famoso “come-cotas”, que tira parte dos ganhos mesmo quando não há venda do ativo, uma vez que o investidor não tem isenção no imposto de renda. 

Já na compra direta de criptomoedas numa exchange, o contribuinte só vai precisar pagar imposto sobre o investimento se as alienações (vendas) superarem R$ 35 mil por mês.

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