Documento voltou à pauta após pedido de revisão. Alerta contra o consumo frequente de ultraprocessados e o excesso de carne desagrada indústria.

Você conhece o Guia Alimentar da População Brasileira? Trata-se de um documento, publicado em 2006 e revisado em 2014, com diretrizes sobre como deve ser a alimentação no dia a dia dos brasileiros. 

Ele foi produzido pelo Ministério da Saúde. No entanto, voltou a ser assunto recentemente, e muita gente deve estar se perguntando o porquê, já que ele foi publicado há tanto tempo.

O motivo é que, no mês de setembro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) pediu uma revisão do documento. Quer entender porque o assunto tem causado tanta polêmica?

Neste texto, você vai compreender os principais argumentos a favor e contra o Guia. Basta seguir com a leitura.

As acusações

Desde a publicação do manual, a indústria alimentícia reclama sobre algumas recomendações presentes nele, em especial, aquelas que orientam a população a evitar o consumo de ultraprocessados, preferindo os alimentos in natura, sempre que possível.

O Guia também alerta para os impactos do consumo excessivo de carne para o meio ambiente, outro tópico que gera desagrado. Segundo o texto, a produção desses alimentos está diretamente relacionada à produção de gases do efeito estufa e ao desmatamento, por exemplo.

A nota técnica emitida pelo MAPA, que vazou nos veículos de imprensa e gerou polêmica, questiona os motivos pelos quais o documento coloca os alimentos industrializados e a carne como vilões, dizendo que o conteúdo do guia é “confuso” e “incoerente”.

O documento também diz que a indústria alimentícia não é suficientemente consultada e duvida da validade científica das recomendações contidas no Guia.

A defesa

Desde que a nota vazou, a comunidade científica tem se manifestado em defesa do documento, que é reconhecido internacionalmente por sua forma inovadora de classificar os alimentos, levando em conta o grau de processamento dos produtos.

Essa classificação, conhecida como NOVA, separa os alimentos em quatro grupos. Os ultraprocessados são apontados como maléficos à saúde, por conta de suas altas concentrações de sal, açúcar, conservantes e gordura, entre outros aditivos.

Enquanto o Ministério da Agricultura afirma que a NOVA é “incoerente” e “prejudica a implementação de diretrizes adequadas”, os cientistas dizem que a norma é tão boa que é mais utilizada nas pesquisas. Atualmente, há mais de 400 artigos científicos que a citam.

Especialistas que participaram da elaboração do Guia argumentam que esse foi um trabalho de quase dois anos e as recomendações levam em conta o compromisso do órgão com a saúde em primeiro lugar. Eles também afirmam que fizeram consultas públicas e representantes da indústria participaram delas.

Quem defende o Guia também diz que, ao contrário do que afirma o pedido de revisão, as evidências científicas que confirmam as recomendações do documento só aumentaram desde sua publicação.

Vários estudos publicados em veículos importantes relacionam o consumo excessivo de carne e alimentos ultraprocessados ao surgimento de doenças como diabetes, hipertensão e câncer.

Os motivos

O lobby da indústria de alimentos, do agronegócio e da bancada ruralista é apontado como o responsável por essa movimentação do governo. Segundo analistas políticos, os itens questionados no Guia deixam claro os motivos do pedido de revisão. Algumas corporações interessadas no pedido de revisão já se manifestaram, endossando os argumentos do MAPA.

Inclusive, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Apia) chegou a publicar uma nota apoiando o pedido, com o argumento de que a ciência sempre tem que ser revisada. O Ministério da Saúde informou que recebeu o pedido e está analisando os próximos passos.

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