Elaborar um planejamento do negócio, estar atento a novos métodos e produtos disponíveis no mercado, investindo na comunicação com os clientes, é fundamental para quem quer abrir a própria empresa na comunidade onde vive

A disseminação do novo coronavírus pelo mundo tem efeitos ainda imprevisíveis. Até o fim de junho, a economia mundial registrou o aumento das taxas de desemprego e da demanda por auxílios financeiros dos governos, além da diminuição brusca das rendas das famílias.

Nesse contexto, as iniciativas de empreendedorismo surgem como uma necessidade para lidar com o cenário de muitas incertezas econômicas. Isso é ainda mais latente em países como o Brasil, marcado historicamente pela informalidade da maioria de sua mão de obra.

Além de saber administrar as próprias finanças, a gestão de negócios envolve o estabelecimento de parcerias — entre quem fornece o produto ou o serviço e aquele que o adquire — e de uma comunicação efetiva, capaz de criar vínculos e, com eles, uma clientela mais fidelizada.

Outra premissa fundamental é conhecer o espaço e o grupo social no qual empreendimento está inserido. Essa etapa é ainda mais necessária em comunidades, onde o conhecimento intrapessoal é fundamental para ser reconhecido.

Mercado de trabalho brasileiro

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, o Brasil tinha cerca de 50 milhões de pessoas vivendo na linha da pobreza — quase 25% de sua população — e 12,6 milhões de desempregados. A informalidade abrangia cerca de 37,3 milhões de habitantes, dos quais, quase metade era de cidadãos pretos ou pardos.

As favelas e as periferias são constituídas por 165 milhões de brasileiros, integrantes das classes C, D e E. Esse grupo, ainda mais marcado pelo desemprego e pela informalidade, movimenta uma média de R$ 1,7 trilhão de renda anualmente.

Além da falta de acesso a uma educação pública de qualidade a todos e devido a uma situação de miserabilidade que obriga jovens a abandonarem os estudos para ajudar no orçamento familiar, o racismo é um fator estrutural que diminui ainda mais o ingresso ao mercado de trabalho formal a essa população.

Desafios do empreendedorismo periférico

Nesse contexto, o empreendedorismo sempre foi regra em favelas e periferias, repletas de bares, salões de cabeleireiro, mercearias, quitandas, funilarias e pequenos comércios.

Um dos desafios para quem quer começar o próprio negócio é criar uma clientela fiel. Nessas regiões, a concorrência pode ser grande, o que exige oferecer algum diferencial em relação aos concorrentes: preços menores, boa qualidade, promoções, bom atendimento e relacionamento com os clientes.
           
Outro obstáculo é o planejamento antes de abrir um negócio: desde a busca de fornecedores, a formação de uma boa equipe e um cálculo mais detalhado dos gastos iniciais. Definir quais serão as etapas a serem cumpridas é fundamental para evitar prejuízos e lidar melhor com possíveis imprevistos.

Muitas vezes, a localidade de favelas e periferias — mais afastadas em relação aos centros — pode dificultar a logística de transporte de produtos e matérias-primas, além de encarecer os serviços de entrega, o que costuma ser outro desafio.

O acesso precário à internet, muitas vezes, feita a partir de dados móveis no celular, e a falta de uma rede nos domicílios também podem dificultar a divulgação do negócio e a comunicação com os clientes.


Dicas para obter sucesso nos negócios

Um primeiro passo importante é realizar um planejamento de negócio, o que envolve não só estabelecer parceiros e preços, mas também definir qual é o objetivo daquele empreendimento.

Muitas empresas que se consolidaram buscaram ter uma missão que não se resumia apenas em ganhar dinheiro, trazendo impactos positivos para a comunidade onde está inserida e a vida das pessoas envolvidas, sejam elas clientes, funcionários ou parceiros.

Outra dica importante é estar atendo a novos métodos e produtos disponíveis no mercado, a fim de trazê-los ou adaptá-los ao seu negócio. A pandemia provocada pelo novo coronavírus mostrou como a adesão às vendas virtuais é fundamental para diversificar o atendimento nos cenários mais improváveis e imprevisíveis, por exemplo.

Por fim, investir em uma boa divulgação do negócio, a partir de redes sociais e plataformas que permitam o contato direto com os clientes, também é um diferencial importante para obter novos clientes e mantê-los fiéis ao seu estabelecimento.
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