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Apesar dos dois acontecimentos impactarem o meio ambiente, suas causas divergem

O ano de 2020 mal começou e as notícias sobre mais um incêndio de grandes proporções se espalharam pelo mundo. Depois da Amazônia brasileira, um grande atrativo para o turismo no país, a tragédia agora é na Austrália, que está sofrendo com os incêndios que já devastaram florestas e atingiram mais de 6,3 milhões de hectares.

Em uma época em que o aquecimento global é cada vez mais discutido e motivo de protestos em diferentes partes do planeta, como aconteceu em 2019 com a greve global pelo clima, é imprescindível analisar as diferenças entre os dois fenômenos: suas causas, consequências e as medidas adotadas pelos governos.

Diferenças entre os ecossistemas 

Primeiro, é fundamental lembrar que se trata de ecossistemas completamente diferentes. A Amazônia brasileira é marcada pela floresta tropical densa, com matas fechadas, árvores de grande porte, com caules grossos e folhas largas (latifoliadas), apresentando o clima equatorial, com altas médias termométricas e pluviométricas. Ou seja, trata-se de um ambiente em que a constância de chuvas é fundamental para a manutenção da flora e fauna.

Já na Austrália, o clima é tipicamente seco, com poucas chuvas e ventos abundantes que ajudam a espalhar as chamas. A vegetação também é seca, com plantas de caules finos e adaptadas para lidar com a aridez do clima, o que as torna suscetíveis a se recuperar após os incêndios. Contudo, a diferença desse último incêndio é a proporção: trata-se de um dos maiores na história do país, responsável pela morte de pelo menos 25 pessoas e cerca de 480 milhões de animais até agora.

Por se tratar de um ambiente com alta densidade biológica, a Amazônia abriga uma biodiversidade muito maior de espécies do que as florestas australianas. Além disso, tem forte impacto sobre outros fenômenos da América Latina, como o nível de derretimento de neve na Cordilheira dos Andes e o regime de chuvas no interior do Brasil e em países como Paraguai e Argentina. 

Características das queimadas 

Em decorrência da sua complexidade, a Floresta Amazônica não está adaptada para lidar com queimadas e leva mais tempo para se recuperar, o que implica a perda de mais biodiversidade. Já as florestas na Austrália dependem do fogo para reciclar nutrientes e apresentam recuperação mais rápida.

Outra diferença se refere às causas de cada incêndio. Na Austrália, as chamas ocorrem todos os anos, especialmente entre o fim da primavera e o começo do verão, e surgem devido às altas temperaturas — que passam dos 44ºC — e aos ventos incessantes que facilitam a dispersão de faíscas.

Já na Amazônia, o fogo surgiu devido à ação humana. Os incêndios nessa região costumam ocorrer após o desmate de vegetação, realizado para a obtenção de espaço para o plantio e o desenvolvimento de pecuária. Há casos em que o fogo escapa para além dos limites pretendidos por quem o produz, o que gera incêndios espalhados e intensos.

Em agosto de 2019, a Amazônia teve mais de 30 mil focos de incêndios, o maior número registrado nos últimos anos. Entre agosto de 2018 e julho de 2019, houve um aumento de 29,5% de destruição da floresta em relação aos 12 meses anteriores. Tratou-se da maior taxa de desmatamento da década, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Diferentemente da Austrália, a especulação fundiária e a disputa por terras são fatores fundamentais para analisar incêndios na Amazônia brasileira. Esses conflitos, associados à negligência de governos estaduais e federal para avaliar de modo contundente o alcance e os efeitos das queimadas em agosto, não só estimulam os incêndios, mas também aumentam os níveis de violência da região amazônica.

Se o aquecimento global é cada vez mais alvo de discussões e trazido para o debate público, é importante analisar o contexto e a região onde ocorre cada fenômeno climático. Apesar de, em ambos os casos, o fogo ser agente destruidor de grandes áreas florestais e de o colapso climático intensificar as secas que favorecem a ocorrência desses incêndios, pode-se dizer que os acontecimentos registrados na Amazônia e na Austrália apresentam mais diferenças do que semelhanças.
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