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Testes Bem-sucedidos Abrem Caminho para uma Nova Era Financeira
O Banco de Compensações Internacionais (BIS), amplamente conhecido como o "Banco Central dos Bancos Centrais", anunciou recentemente o sucesso dos testes realizados sob o codinome "Projeto Mariana", revelando uma nova perspectiva na evolução das moedas digitais globais. A sigla CBDC, que se refere à "Central Bank Digital Currency" (ou, em tradução literal, moeda digital de banco central), vem ganhando destaque à medida que governos e instituições financeiras de todo o mundo buscam alternativas à crescente influência do Bitcoin e das criptomoedas.
Desafiando o Status Quo Financeiro
Uma das principais motivações por trás do Projeto Mariana é a busca por soluções para as limitações das transações globais em moeda fiduciária, que ainda são notoriamente lentas e dispendiosas. Ao utilizar a tecnologia blockchain como base, muitas CBDCs em fase de teste estão explorando maneiras de aprimorar a eficiência das transações financeiras em escala global.
No recente relatório de 37 páginas divulgado pelo BIS, os resultados do Projeto Mariana foram revelados ao público. Todos os testes realizados foram executados na blockchain pública do Ethereum, utilizando tokens ERC-20 como padrão. Esse ambicioso projeto contou com a colaboração do BIS Innovation Hub (BISIH), do Banco Central da França (Bank of France), do Banco Central de Singapura (Monetary Authority of Singapore – MAS) e do Banco Central Suíço (Swiss National Bank).
Explorando Novas Fronteiras Financeiras
O Projeto Mariana introduziu a viabilidade técnica dos chamados criadores de mercado automatizados (AMMs) para negociação e liquidação transfronteiriça de hipotéticas CBDCs atacadistas em francos suíços, euros e dólares de Singapura (wCBDCs). Inspirando-se em conceitos do universo DeFi (finanças descentralizadas), o projeto aproveitou uma blockchain pública para projetar e testar um mercado interbancário FX (mercado de câmbio) transnacional, fazendo uso dessas novas moedas digitais.
Um dos objetivos centrais do Projeto Mariana é focar nas transações do mercado forex, que movimenta impressionantes US$ 7,5 trilhões por dia. A iniciativa visa entender como as negociações e liquidações cambiais podem evoluir em um cenário no qual todos os bancos centrais emitem suas próprias CBDCs.
Caminhando Rumo ao Futuro Financeiro
O Projeto Mariana também demonstrou um interesse significativo em explorar ambientes DeFi, uma categoria em crescimento no mundo das finanças descentralizadas. Com a chegada das moedas digitais emitidas pelos bancos centrais, a interseção entre CBDCs e DeFi poderá moldar a próxima fase da evolução financeira global.
É importante ressaltar que o BIS enfatizou que o Projeto Mariana é puramente experimental e não representa uma garantia de que nenhum dos bancos centrais envolvidos pretenda, de fato, emitir suas próprias CBDCs ou endossar projetos DeFi. O BIS também recomendou a realização de futuros testes tecnológicos, incluindo a tokenização, sugerindo que os resultados atuais poderão dar origem a uma futura moeda global baseada em blockchain.
Além das iniciativas globais, vale lembrar que o Banco Central do Brasil também está avançando no cenário das moedas digitais. O projeto DREX, anteriormente denominado Real Digital, está em fase de piloto, utilizando uma blockchain privada. Essa iniciativa pode resultar em mudanças significativas na moeda nacional brasileira e, possivelmente, em uma integração futura com o sistema de pagamentos instantâneos PIX.