Criação de pias públicas nas ruas para essas pessoas higienizarem as mãos, além da distribuição de alimentos e roupas, são iniciativas vistas em diferentes cidades.

A atual pandemia exigiu que governos federais, estaduais e municipais em todo mundo aplicassem ou criassem políticas públicas direcionadas às populações mais vulneráveis. Para a população em situação de rua, a ausência de um lugar para dormir, em que se garanta segurança e higiene, torna a atual pandemia uma ameaça ainda mais grave.


Esse público representa os mais desprotegidos, em função de condições precárias de moradia, alimentação e saneamento, além da falta de serviços de saúde. No Brasil, a crise econômica e o aumento do desemprego, vistos nos últimos anos, aumentaram a população de rua. Só na cidade de São Paulo, a prefeitura registrou um acréscimo de 53% dessa população entre 2015 e 2019, chegando a 24.344 pessoas. 

Grupos e organizações que trabalham com esses cidadãos contestam os dados oficiais e afirmam que o número passa de 30 mil pessoas. A redução da circulação de indivíduos pelas ruas também reduziu as chances desses habitantes conseguirem doações de alimentos, o que os vulnerabiliza ainda mais mediante à COVID-19.

Políticas públicas

Além da oferta de abrigos para essa população, a disposição de equipamentos para as pessoas higienizarem as mãos, uma espécie de “pia pública”, foi outra medida tomada pelo poder público, em diferentes países, para evitar a disseminação da COVID-19. 

Recife foi uma das cidades que adotou essa medida e disponibilizou 19 pias a seus moradores. O município de Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana da capital pernambucana, também implantou a iniciativa.

Em abril, a prefeitura de São Paulo anunciou a instalação de 100 pias em diferentes favelas da cidade. A previsão é de que os lavatórios sejam instalados ao lado de um ponto de descarte de lixo. Líderes comunitários devem ser responsáveis por repor o sabão e cuidar da estrutura.

Em São Paulo, iniciativas coletivas, como o “SP Invisível”, são fundamentais para conscientizar a população sobre os direitos das pessoas em situação de rua. Criado em 2014, o grupo busca contar as histórias desses cidadãos, a fim de provocar maior empatia e humanizar a trajetória daqueles que passam despercebidos pelas ruas e entre os edifícios da capital paulista.

Críticas à criação de abrigos

No Piauí, o juiz Aderson Antônio Brito Nogueira determinou que o governo municipal da capital Teresina distribuísse alimentos e disponibilizasse água potável em diferentes pontos da cidade para consumo para essa população. Além disso, foi determinado a abertura de novos abrigos para acolhimento, a fim de abrigá-los e evitar aglomerações nas ruas.

A iniciativa também foi vista em outras cidades do país, mas recebeu críticas de organizações que trabalham com a população de rua. Os grupos alegam que, apesar de representar uma melhora nas condições de vida desses moradores, são insuficientes para garantir o confinamento social, já que os abrigos reúnem dezenas de pessoas em um mesmo espaço.

Esses grupos propuseram aos governos municipais abrigar esses indivíduos em imóveis públicos que se encontram vazios, especialmente, nos centros de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. 

Outras iniciativas

Na quarentena, também foram vistas iniciativas de caráter de alguns grupos ou organizações. Alguns deles, ligados a instituições religiosas, tem se organizado para distribuir alimentos para a população de rua nos centros de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

Além de alimentos, existem iniciativas para distribuir máscaras de proteção e kits de higiene, com sabonete e álcool em gel, para que essas pessoas mantenham a higienização das mãos com mais assiduidade. Com a chegada de estações mais frias, também há iniciativas que organizam a doação de roupas e cobertores.
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