Esqueça a dieta! Sua obsessão por mais feijão no prato revela mais sobre sua mente e o Brasil do que imagina.
Esqueça a dieta! Sua obsessão por mais feijão no prato revela mais sobre sua mente e o Brasil do que imagina. Psicologia, PNL e a evolução da TI explicam este "problema".

Saudações, Auto Desenvolvedor! Neste Feijão Desaba sobre o Arroz trago a vocês leitores do SHD: Seja Hoje Diferente uma reflexão que começou no meu prato e, acreditem, desdobra-se em camadas profundas sobre nossa cultura, nossa mente e até mesmo a forma como evoluímos em ambientes de alta pressão, como a TI Industrial.

Minha recente "curiosidade gastronômica" – a necessidade visceral de ter muito feijão, mais que o arroz, cobrindo-o totalmente – me fez questionar: será que sou só eu que me sinto assim? Quando o prato chega com aquela divisão "meio a meio" de cantina, perco o ânimo. É um desalinhamento tão grande que me faz, invariavelmente, empurrar o feijão para cima do arroz, quase como uma reparação simbólica. Onde reside a força dessa preferência?

O Prato Típico e a Programação Mental

O feijão com arroz, essa dupla imbatível da culinária brasileira, é mais do que nutrição; é um pilar da nossa identidade. A sua origem no Brasil é um fascinante cruzamento de culturas: o feijão, já consumido pelos indígenas, e o arroz, trazido pelos portugueses (embora algumas variedades já fossem colhidas pelos Tupis). Foi apenas a partir do século XVIII, e ganhando força com a chegada da Família Real em 1808 e o uso na alimentação dos escravos e soldados, que a combinação se popularizou, tornando-se, de fato, a base da dieta.

O que a Programação Neurolinguística (PNL) me ensina é que nossas preferências mais arraigadas, como a forma de montar um prato, são âncoras emocionais e padrões mentais. A maneira como visualizo o feijão por cima do arroz, em abundância, é provavelmente um reflexo de uma âncora de satisfação, de conforto, de "prato completo". O prato "meio a meio" é, para mim, um desalinhamento do meu mapa mental de refeição perfeita. É o oposto do que meu cérebro programa como a imagem de um almoço revigorante.

O Poder do Pensamento e a Busca pelo Equilíbrio

A Lei do Novo Pensamento (ou Nova Ciência do Pensamento) postula que nossos pensamentos e convicções criam nossa realidade. Minha crença de que "preciso de mais feijão" não é apenas sobre o sabor; é sobre a sensação de completude. O feijão, rico em proteínas e fibras, em contraste com o arroz, fonte de carboidratos, é a dupla perfeita nutricionalmente. O Ministério da Saúde, por sinal, já recomendou o consumo na proporção de duas partes de arroz para uma de feijão, o exato oposto do meu desejo.

Contudo, na minha perspectiva, o caldo do feijão que desce, envolvendo cada grão de arroz, representa a integridade, a mistura que gera o sabor ideal. No Desenho Humano, poderíamos enxergar essa necessidade de envolvimento total como um reflexo de um centro de Ajna (mente) ou Baço (intuição e sobrevivência) que busca a certeza ou a nutrição plena para operar. A insatisfação com a divisão igualitária é a mente rejeitando uma ordem que não parece orgânica ou satisfatória o suficiente. É a busca, mesmo que inconsciente, pelo equilíbrio que me é particular.

A Evolução do Prato: Da Simplicidade à Complexidade

Eu nasci em 14 de julho de 1976. Minha vida atravessou as décadas de 80, 90, 2000, e os dias atuais, testemunhando uma transformação radical na culinária e, por extensão, nas nossas expectativas.

Década de 80/90: O feijão com arroz era a espinha dorsal, a certeza diária, muitas vezes acompanhado de um bife simples e ovo frito. O foco estava na subsistência nutritiva e acessível. A simplicidade era o luxo.

Década de 2000: Com a globalização e o aumento do poder de compra (e o surgimento dos restaurantes de buffet por quilo), o prato básico começou a ceder espaço para opções mais complexas. O feijão com arroz competia com massas, pratos exóticos e a necessidade de "variedade" no self-service. Foi o momento onde o feijão e o arroz se tornaram opções em vez de base.

Dias Atuais: A busca é por praticidade, mas também por "experiência" e "personalização". Minha "luta" no restaurante do barzinho perto da fábrica, para ter o feijão na quantidade certa, é um microcosmo dessa exigência moderna: não aceitamos mais o padrão imposto; queremos o prato do jeito que nos satisfaz plenamente. A psicologia nos ensina que essa busca por personalização é uma manifestação da necessidade de controle e da afirmação da individualidade em um mundo cada vez mais padronizado.

Minha Jornada e o Feijão-Alinhamento

Minha carreira na TI Industrial, em uma fabricante de tomadas e interruptores, é um excelente paralelo para a minha obsessão pelo "feijão correto". Entrei em 2001, passei por vários cargos e assumi o antigo CPD, que hoje lidero como TI, em 2008. Vi o chão de fábrica e os escritórios transitarem do tradicional para o ágil, e eu mesmo me especializei em metodologias ágeis (como Scrum e Kanban) e tradicionais (como Waterfall).

A metodologia tradicional, focada no planejamento detalhado e na baixa tolerância a mudanças (o prato "meio a meio" rígido), foi fundamental para estabelecer a base da infraestrutura. Mas, para evoluir e lidar com a constante mudança da indústria (as falhas no sistema, as inovações urgentes), precisei do pensamento ágil.

O meu feijão-alinhamento é o meu Sprint Pessoal:

1. Visão Tradicional (O Arroz): A base sólida, o carboidrato que sustenta a energia. Na TI, é a infraestrutura estável e a documentação essencial.

2. Visão Ágil (O Feijão): A flexibilidade, a proteína que nutre o crescimento e a adaptação. É o caldo que inunda e transforma o básico, a capacidade de responder rapidamente às mudanças. Meu excesso de feijão é a minha priorização pelo valor de negócio e pela satisfação do cliente (eu mesmo) acima da aderência cega ao plano (o padrão da cantina).

O ato de empurrar o feijão é meu ritual de adaptação, de "inspeção e adaptação" – os pilares do Scrum. É a minha mente dizendo: "A estrutura existe, mas eu a reconfiguro para maximizar o meu resultado e satisfação." Aplico isso na minha vida pessoal e na liderança da TI: não basta seguir o protocolo; é preciso adaptá-lo para que ele traga o máximo de valor, mesmo que pareça "polêmico" para o padrão.

Pontos Culturais e o Caldo da Evolução

Em termos de curiosidades regionais no Brasil, o feijão não é uma unidade. Enquanto o feijão-carioca domina grande parte do Sudeste, o feijão-preto é rei no Rio de Janeiro (Feijoada) e o Norte/Nordeste tem o feijão-verde e o macassar, formando o famoso Baião de Dois (onde o feijão e o arroz são cozidos *juntos*, uma união total, talvez a forma máxima de satisfação do meu eu interior!).

A filosofia, por sua vez, nos lembra que o conhecimento começa com o espanto. O meu espanto com o feijão insuficiente é o ponto de partida para essa autoanálise. Por que algo tão trivial gera tal reação? Porque o trivial, quando ancorado à nossa sobrevivência e conforto (nossa refeição diária), reflete nossa estrutura de valores. A psicologia fala da "Hierarquia de Necessidades" – e o alimento, o sustento, está na base. Se a base falha em nos satisfazer, o topo (a autorrealização) balança.

Reflexão SHD: Seja Hoje Diferente

Minha busca pelo feijão abundante e envolvente é, na verdade, uma busca pela integração plena entre o sustento e a satisfação, entre a base e o tempero. Essa micro-reação a um prato de comida nos serve como um excelente laboratório para entendermos como reagimos a desalinhamentos maiores na vida, na carreira e na sociedade brasileira.

Analisar: Observo que a minha frustração com o prato "meio a meio" é uma dissonância cognitiva entre o meu mapa mental de abundância (feijão por cima, em excesso) e a realidade imposta (divisão igualitária). É um conflito entre o Padrão Interno e o Padrão Externo.

Pesquisar: Busquei a origem desse prato, compreendendo que essa dupla não é imutável, mas sim uma evolução cultural e nutricional. Descobri que minha "reconfiguração" é similar ao que as metodologias ágeis fazem: adaptar o processo para uma entrega de maior valor, rejeitando a aderência cega a um plano inicial (o prato mal servido).

Questionar: O que na nossa cultura brasileira, hoje, estamos aceitando "meio a meio" quando o nosso Eu interior pede mais, pede a profundidade, a totalidade, o caldo que envolve e transforma? Estamos aceitando uma vida profissional ou pessoal aquém do nosso potencial porque o "padrão" da sociedade nos diz que "já está bom assim"?

Concluir: O feijão abundante sobre o arroz não é apenas uma preferência culinária; é uma metáfora para a busca da excelência e da satisfação pessoal plena. Para os dias atuais no Brasil, a lição é: não aceite a rotina "meio a meio" que não te nutre a alma. Traga a sua própria flexibilidade ágil para reconfigurar o seu prato e sua vida. Inunde a base sólida (o seu conhecimento e experiência, sua carreira) com o caldo abundante (sua paixão, sua individualidade, sua capacidade de adaptação e evolução). Só assim a sua refeição será verdadeiramente completa e energizante.
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