De acordo com o relatório divulgado nesta semana pelo Banco Mundial, a maior rigidez dos do clima deve prejudicar a produção de alimentos
Os impactos da emissão de gases estufa na atmosfera já causam alterações climáticas visíveis. Os deslizamentos e enchentes revelam de forma dura as consequências do aquecimento do planeta. De acordo com o relatório divulgado nesta semana pelo Banco Mundial, a maior rigidez dos eventos climáticos podem levar de 8oo mil a 3 milhões de brasileiros à extrema pobreza. A previsão é para o ano de 2030. Secas e chuvas atípicas têm estragado lavouras pelo país e, consequentemente, a tendência é de alta no preço dos alimentos. Uma menor oferta de água e falta de saneamento básico também são problemas que tendem a aumentar. Na avaliação de especialistas, é necessário repensar o modelo econômico ao redor de práticas de sustentabilidade, banir o desmatamento e o garimpo ilegais devem ser os primeiros passos. Em entrevista à Jovem Pan News, o consultor em climatologia, Rodolfo Bonafim, afirma que um dos pontos fundamentais seria uma adaptação do agronegócio.
“Inclusive isso vai impactar, não agora, mas daqui alguns anos, o próprio agronegócio. Vão ficar sem terra agriculturável (…) Já existe esse projeto de transformar a Amazônia em regiões de agricultura que não agridam a floresta. Mas sempre vai agredir. Não dá pra dizer que a gente não vai impactar. A gente está impactando o mundo desde que o ser humano está aqui como homo sapiens. Agora a gente pode agredir menos”, afirmou Bonafim. O relatório traz ainda o dado de que o Brasil pode expandir sua economia e combater as mudanças climáticas com investimentos em infraestrutura em setores como agricultura, energia e transporte. Para isto, deveria ser desembolsado o 0,5% do PIB ao ano até 2050.
Contudo, em um país com tantos problemas, como o Brasil, é difícil definir a transição climática como uma prioridade. Esta é a avaliação do professor de economia do Ibmec, Jackson De Toni: “Tem tantas prioridades e tantos problemas para resolver na área social, na área econômica, na criação de empregos, no desenvolvimento regional e na segurança pública, que o investimento em infraestrutura acaba competindo com essas outras prioridades”. Para o especialista é necessário um planejamento mais completo e efetivo por parte do Poder Público, bem como um olhar simultâneo do setor privado, que deve incentivar modos de produção mais sustentáveis.