A origem do strip-tease

No pequeno National Winter em 1917, a plateia esperava mais uma apresentação artística recheada de piadas, dançarinas sensuais e a apresentação de monólogos, porém em dado momento, a plateia de maioria masculina se deparou com a apresentação da comediante Mae Dix. A atriz, preocupada com os custos de manutenção de seu figurino, acabou tirando a gola de seu vestido e seu gesto no palco deixou os homens do local loucos.

Visto a reação entusiástica da plateia, Mae retirou os punhos de sua roupa e começou a abrir os botões de seu vestido. Aquele simples gesto resultou na invenção de uma das mais populares e polêmicas performances do entretenimento: o strip-tease. Os donos do estabelecimento, os irmãos Minsky, aproveitaram do momento para estabelecer uma apresentação constante onde Mae, a partir disso, viria a “despir-se provocando”.

Porém, a invenção norte-americana foi criada pouco antes de um século marcado pela moralidade e a punição jurídica aos chamados “atos libidinosos”. De fato, desde os finais do século XIX, o chamado teatro burlesco era uma atração popular repleta de brincadeiras de fundo malicioso e provocador. Para não infringirem explicitamente os costumes e leis da época, os diretores artísticos destas apresentações apelavam para a “reprodução fiel” de encenações do teatro greco-romano para justificar as peças minúsculas das dançarinas.

De forma geral, a brecha encontrada para esse tipo de espetáculo apelativo era feita através dos tableaux vivants (quadros vivos), em que modelos representavam pinturas clássicas e situações clássicas eram encenadas. Imóveis, as modelos expunham seu corpo para “educar” um público nem sempre interessado em Artes ou História. Entre os quadros mais encenados, destacava-se a reprodução do “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli.

No continente europeu, os rígidos padrões morais também foram empecilhos para que o strip-tease se popularizasse. No século XIX os rígidos padrões morais da Era Vitoriana eram suficientemente fortes para fiscalizar os trajes que uma atriz poderia usar em cena. A primeira a extrapolar esses padrões foi a companhia teatral britânica de Lydia Thompson. Em seu espetáculo, dançarinas utilizavam roupas colantes em tons que criavam a ilusão de nudez.

Nesse mesmo período, apareceram as chamadas “dançarinas de saia” que embalavam plateias com apresentações de cancã. Nessa mesma época, as famosas dançarinas orientais utilizavam espetáculos inspirados em movimentos de dança considerados exóticos aos olhos ocidentais. Outra apresentação bastante popularizada foi a dança do ventre, que deslocava as motivações culturais do espetáculo árabe para o interesse das plateias masculinas.

No teatro burlesco, a ação desinteressada de Mae acabou ganhando contornos ainda mais criativos e teatrais. Jessica Glasscok, estudiosa do assunto, ressalta que o strip-tease não se limitava a simples e objetiva exposição do corpo feminino. Era necessário, segundo a autora, contar com uma tríade de elementos onde divertimento, provocação e exibição se confundiam em uma apresentação carregada de um distanciamento do público.

A criatividade imbuída nesses quadros parece mesmo confirmar a perspectiva de Glassock. Algumas dançarinas subiam ao palco com o corpo coberto por pássaros adestrados que voavam durante o espetáculo, já outras se cobriam com balões que deveriam ser estourados um a um. O auge dessas apresentações nos EUA acabou incitando, mais uma vez, a criação de uma lei contra esse tipo de apresentação imprópria.

Somente no final da década de 1950 e com a revolução sexual da década de 1960, que observamos o renascimento dos shows de strip-tease. 

Uma das mais conhecidas dessa época foi Bettie Page, considerada um ícone das chamadas “pin-ups”. 

As pin-ups hoje representam um “revival” das conquistas femininas contra os padrões morais que regeram por muito tempo o comportamento da sociedade contemporânea.

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