Chega o fim de ano e, com ele, uma das maiores expectativas do brasileiro: o 13º salário. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento do 13º injetará cerca de R$ 250 bilhões na economia brasileira em 2022, chegando a 2,6% do PIB do país.
Verdadeiro também é que o benefício gera muita expectativa, seja para comprar presente, pagar ou até mesmo fazer novas dívidas. Se não for bem aproveitado, o 13º pode acabar muito rápido e, ao invés de ser uma solução, aumentar o problema das finanças.
“O brasileiro, infelizmente, gasta pouco tempo aprendendo educação financeira e vê no 13º salário uma forma de ‘autocompensação’, o que muitas vezes acarreta o aumento de dívidas e mau uso do benefício. Ao invés de primeiro pensar e depois comprar, acontece normalmente o oposto”, explica Andreza Stanoski, palestrante e consultora financeira da Zetra, que tem ajudado trabalhadores de todo o Brasil a criarem o mindset sobre educação financeira.
A especialista ressalta que o 13º é, sim, uma ótima oportunidade para iniciar a organização das finanças. Para isso, ela dá algumas dicas de como planejar toda a vida financeira contando com benefícios como receita.
Conter os impulsos de fim de ano
Um dos principais vilões para acabar com o orçamento são as épocas festivas. Seja a Black Friday ou mesmo o Natal, o apelo e propaganda são direcionados para levarem as pessoas a comprarem mais, com ofertas que muitas vezes podem ser enganosas.
Por essa razão, é importante não sair comprando as cegas apenas porque uma propaganda parece interessante. Saiba bem quais são suas necessidades reais e acompanhe os preços por um longo período, para garantir que você não está sendo enganado em promoções.
As redes sociais funcionam com algoritmos potentes que avaliam o perfil do usuário para oferecer produtos com base nos gostos dessa pessoa, coletando informações à revelia. Por isso, tome cuidado com as “tentações da internet”.
Normalmente, entre janeiro e fevereiro, existe a troca de coleções e a chegada de novos lançamentos, fazendo com que os produtos “antigos” baixem de valor. É uma ótima hora para compras.
Faça o planejamento financeiro anual
Grande parte das dívidas e contas são recorrentes, ou seja, é possível traçar uma média de gastos ao longo do ano todo. Dessa maneira, é muito importante saber o quanto de gasto fixo você terá, e o quanto de dinheiro irá fazer.
Se você conseguir fechar essa conta sem o 13º, muito melhor. Porém, se o orçamento estiver apertado, já conte com o benefício como uma forma de renda. Lembre-se, no começo do ano, vêm muitas contas pesadas, como material escolar, IPVA, IPTU e outros impostos.
Com essa visão macro, é possível entender onde irá sobrar ou se haverá a necessidade de cortar gastos, especialmente os mais fúteis.
Reservas e investimentos
Com o planejamento em dia, é superviável poupar dinheiro, e, para isso, é preciso ter em mente algumas estratégias.
A primeira é ter uma reserva de emergência e isso inclui possíveis gastos com necessidades básicas, como saúde, alimentação, moradia. Esse dinheiro deve ser alocado apenas para isso, e não gasto com outras coisas.
Outro passo é ter uma reserva para coisas pessoais, que fazem parte do “sonho”. Com um bom planejamento, você pode comprar as coisas que precisa e deseja. Nunca misture o dinheiro da reserva emergencial com o dinheiro para bens pessoais, e vice-versa.
O último passo é investir. Essa é uma forma interessante de aumentar o patrimônio e existem diversos cursos on-line gratuitos que mostram como fazer. Não é preciso investir um alto valor, mas o 13º pode ser um bom começo.
“Não adianta aquecer o mercado e esfriar o bolso. Se você planeja e educa seu bolso, esse processo se torna natural e, certamente, as dores de cabeça diminuem”, diz Andreza Stanoski.
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