O esgotamento mental é um fenômeno global que exige atenção dos
trabalhadores para o cuidado com a saúde. Confira mais sobre essa complicação.
Cansaço excessivo e estresse prolongado no trabalho? O esgotamento
profissional é, atualmente, um fenômeno global. E os sintomas podem indicar
mais do que uma jornada intensa de trabalho, apontando que o profissional está
com Síndrome de Burnout. Mas como identificar esse quadro e quão perigoso ele é
para os profissionais?
Entender o que é e quais os sinais da Síndrome de Burnout é importante
para avaliar o perfil comportamental dos funcionários e prestar o devido
suporte quando necessário. Afinal, além de promover a avaliação e o
desenvolvimento de competências dos profissionais, cuidar do bem-estar de toda
a equipe também faz parte das melhores
práticas de RH.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o esgotamento
profissional como uma síndrome ocupacional "resultante do estresse crônico
no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso".
E considera o quadro não como uma doença ou condição médica, mas um
fator que influencia a saúde do profissional e pode levar a sentimentos de
exaustão, distanciamento mental do trabalho e piora no desempenho profissional.
O que é a
Síndrome de Burnout?
É um desgaste que prejudica os lados emocionais e físicos da pessoa,
causando o esgotamento profissional. Atinge principalmente indivíduos que
enfrentam vida profissional e pessoal muito atarefada.
“Não é algo que acontece após um ou outro dia de trabalho estressante. É
um quadro que vem de uma rotina constante de estresse ao longo da vida
profissional”, explica João Silvestre da Silva Junior, diretor da Associação
Nacional de Medicina do Trabalho (Anamat) e perito médico do INSS.
Com o Burnout a pessoa se sente estressada e sobrecarregada por muito
tempo, mesmo quando não seria necessário estar tão ligado e ativo.
O distúrbio é mais comum em profissionais que atuam constantemente sob
pressão, em longas jornadas de trabalho, em ambientes de competitividade ou de
grande responsabilidade. Como, por exemplo, professores, médicos, jornalistas,
policiais, entre outros.
Também é muito comum em mulheres, devido à dupla jornada de trabalho,
dentro e fora de casa. Então, o Burnout está relacionado com o excessivo
esforço físico, mental ou emocional, seguido de poucos momentos de descanso ou
descontração.
Ou seja, tudo que ocupa muito o tempo do indivíduo e suga a sua energia
pode ser motivo para que Síndrome apareça.
Quais os
sintomas do Burnout?
O distúrbio pode causar sintomas emocionais, como:
● pessimismo e baixa
autoestima;
●
sentimento de incapacidade ou inferioridade;
●
sentimento de apatia e desesperança;
● irritabilidade exagerada;
● alterações de humor;
● desânimo acentuado;
● falhas de memória;
●
dificuldade para raciocinar e de concentração;
● falta de criatividade;
●
perda de prazer e falta de motivação;
● preocupação constante;
● depressão;
● ansiedade;
● isolamento social;
● agressividade;
● distúrbios do sono;
● maior suscetibilidade à
doenças.
E
também físicos, como:
● excesso de cansaço;
●
dor de cabeça e enxaqueca;
● transpiração constante;
● fadiga;
● pressão alta;
● alteração dos batimentos
cardíacos;
● dores musculares;
● problemas estomacais como
gastrite;
● dificuldade em respirar;
●
alergia e coceira crônica na pele.
Como
identificar a Síndrome de Burnout?
O diagnóstico desse fator que influencia a saúde do profissional não é
tão simples, pois os sintomas são facilmente confundidos com outros problemas
emocionais e patologias mentais, como stress, ansiedade e até depressão.
Por isso a avaliação deve sempre ser realizada por um profissional
capacitado, que vai prestar bastante atenção nos detalhes para dar seu parecer.
Como
prevenir a Síndrome?
A prevenção do Burnout se dá por meio da mudança de hábitos e cultivo de
atividades e momentos prazerosos. O mais importante é descansar a mente e
encontrar o equilíbrio entre a saúde física e mental. Veja algumas dicas:
●
manter o bem-estar mesmo em um ambiente profissional
hostil;
● praticar exercícios físicos
prazerosos;
● ter alimentação adequada;
● dormir bem;
●
reservar algumas horas para os momentos de lazer e
relaxamento;
●
ter menos cobranças de si mesmo;
●
planejar e reorganizar as tarefas sempre que
necessário;
●
utilizar os seus dias de férias e folgas para
descansar;
●
cultivar relacionamentos saudáveis no trabalho;
●
Praticar o autoconhecimento e o autocuidado;
●
Fazer meditação ou Yoga para manter o equilíbrio entre
o corpo e a mente.
A
Síndrome de Burnout causa afastamento do trabalho?
Como é gerado, em sua grande maioria, pelas condições de trabalho, o
Burnout pode ser considerado uma doença ocupacional que provoca incapacidade
profissional temporária ou definitiva.
Dessa forma, um indivíduo com essa condição pode ser sim ser afastado do
trabalho por orientação médica, assim como ocorre nos casos de depressão e outras
doenças psiquiátricas.
Inclusive, por conta da pandemia do novo coronavírus, existe um aumento
significativo dessa Síndrome nos profissionais da área da saúde.
Segundo uma pesquisa feita pela PEBMED, associação de médicos que produz
conteúdos relacionados ao esgotamento mental dos profissionais da saúde, 83%
dos profissionais de saúde de todo o Brasil demonstram sinais da Síndrome de
Burnout.
Como
tratar a Síndrome de Burnout?
A mudança de hábitos, com inclusão de mais momentos de felicidade no dia
a dia, faz parte não somente da prevenção, como do tratamento da Síndrome de
Burnout.
Em estágios iniciais, o paciente consegue se recuperar com o afastamento
do trabalho por alguns dias.
O fato de desligar-se dos problemas e do ambiente causador da síndrome,
ficando em repouso realizando atividades que dão prazer é essencial durante
esse período e pode ser suficiente para a recuperação.
A psicoterapia também é fundamental para entender o que está acontecendo com o paciente e identificar a causa do esgotamento físico e mental, ajudando o paciente a ressignificar o problema. Alguns casos podem exigir o uso de antidepressivos e ansiolíticos para auxiliar no tratamento.