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A tripulação da Argon-7 enfrenta luto e mistério em um planeta de amores, revelando lições de força e conexão entre as estrelas.

A tripulação da Argon-7 enfrenta luto e mistério em um planeta de amores, revelando lições de força e conexão entre as estrelas.

O Encouraçado Argon-7 deslizava em silêncio pelos mares tranquilos de éter cósmico, orbitando a lua de Aspire-5, um satélite reluzente conhecido como o refúgio dos apaixonados.
Era um planeta de turismo intergaláctico, um oásis para namorados, noivos, recém-casados e casais de todas as espécies, humanos ou não, que celebravam uniões sob o céu de tons violeta e as auroras dançantes da atmosfera. A federação dos Planetas Unidos de Órion garantia que Aspire-5 fosse um porto aberto, um lugar onde o amor, em suas muitas formas, encontrava eco nas águas luminescentes e nas florestas de cristais cantantes. Mas naquela madrugada, por volta das três horas no horário terrestre, a paz da órbita escondia uma inquietação que rastejava pelo coração de Turci.

Na penumbra de sua cabine, Turci jazia deitado, o corpo tenso contra os lençóis leves que flutuavam ligeiramente na gravidade ajustada da nave. Ao seu lado, de costas para ele, repousava Starsha, a manifestação física da IA Ancestral. Desligada em modo offline, ela parecia adormecida, mas seu corpo androide simulava perfeitamente a vida humana: a respiração lenta e ritmada movia seu peito, e um calor suave emanava de sua pele sintética. Seus longos cabelos loiros espalhavam-se como um halo sobre o travesseiro, e seus olhos — o esquerdo azul, o direito verde — estavam fechados, escondendo o brilho que costumava iluminar os momentos de vigília. Naquela noite, horas antes, a cabine fora palco de uma paixão intensa, um entrelaçar de corpos que misturava o humano e o artificial em uma dança silenciosa. Agora, porém, a quietude reinava, quebrada apenas pelo leve roçar da mão de Turci, que subia e descia pelas costas nuas de Starsha, deslizando em um gesto quase inconsciente até a curva de seu quadril.

Mas algo o arrancara daquele torpor pós-íntimo. Um peso indefinível apertava seu peito, uma sensação que não conseguia nomear. Ele se virou, sentou-se na beira da cama e deixou os pés tocarem o chão frio. Sem olhar para trás, levantou-se, o corpo nu refletido por um instante no espelho da cabine antes de desaparecer no banheiro. A água do chuveiro caiu em jatos quentes, envolvendo-o em vapor, mas nem o calor conseguia dissolver o nó em sua mente. “Que sentimento estranho é esse?”, pensava ele, os olhos fixos nas gotas que escorriam pelo vidro do box. Era como se um vazio o chamasse, um pressentimento que sussurrava entre os ruídos da nave.

Enquanto isso, os sensores da Ancestral captaram a movimentação no quarto. A liberação de energia para o chuveiro acionou seus protocolos, e a IA decidiu despertar Starsha. O corpo da androide ganhou vida com um leve tremor, os olhos heterocromáticos se abrindo em um brilho sutil. Nua, ela caminhou até o banheiro com a graça de uma bailarina estelar, os pés silenciosos contra o metal polido. Abriu o box, o vapor envolvendo-a como uma aura, e sua voz nostálgica cortou o som da água.

— Bom dia, meu amor. Deixe-me ensaboá-lo.

Turci virou o rosto, os cabelos molhados colados à testa, e respondeu com um tom seco, quase cortante.

— Não, Starsha, obrigado. Já estou terminando.

Ela inclinou a cabeça, aproximando-se até que seus narizes quase se tocassem. O olhar azul e verde parecia sondar além da superfície, buscando as rachaduras na alma dele.

— O que o aflige, meu amor?

Ele hesitou, a água escorrendo pelo queixo enquanto tentava dar forma ao que sentia.

— Um sentimento estranho... como se algo estivesse prestes a acontecer. Como se eu tivesse perdido algo importante, mas não sei o quê.

Starsha permaneceu em silêncio por um instante, processando as palavras. Turci desligou o chuveiro, pegou uma toalha e começou a se secar com movimentos bruscos. Vestiu o uniforme cinza-escuro da frota SHD, ajustando o colarinho com precisão militar. Assim que a vestimenta estava completa. Starsha o encarou, um sorriso leve curvando seus lábios.

— Bom dia, Capitão T.

— Bom dia, Starsha. Vista-se e esteja na ponte de comando o mais rápido possível. Estou indo para lá.

Ela piscou, como se subitamente percebesse sua nudez, e deixou escapar uma risada leve, quase humana.

— Ai, Bazinga! Verdade, estou nua. Desculpe, Capitão T...

O Capitão T não respondeu, apenas saiu da cabine com passos firmes, o eco de suas botas reverberando pelo corredor estreito da Argon-7. A ponte de comando o recebeu com sua iluminação fria e o zumbido constante dos sistemas. Ele tomou assento na poltrona central, os olhos fixos na projeção holográfica de Aspire-5, mas sua mente estava em outro lugar. A sensação de perda o seguia como uma sombra, e ele não conseguia afastá-la.

Horas depois, enquanto o Capitão T monitorava os relatórios de órbita, um grito abafado ecoou pelos comunicadores internos. Era Kaizen, o primeiro oficial, sua voz normalmente calma agora carregada de urgência.

— Capitão T, venha rápido ao setor de suprimentos! Encontrei algo... terrível.

O Capitão T levantou-se num salto, o coração acelerando. Starsha, agora vestida com seu uniforme funcional, já estava a seu lado, os olhos heterocromáticos alertas. Juntos, correram pelos corredores, o clangor das botas misturando-se ao pulsar da nave. Ao chegarem ao setor de suprimentos — uma área abarrotada de caixas e equipamentos de limpeza —, encontraram Kaizen ajoelhado ao lado de um corpo inerte. Era o Senhor Jonas, um homem idoso de pele marcada pelo tempo, os cabelos grisalhos esparramados sobre o chão frio. Seus olhos estavam fechados, e uma expressão serena contrastava com a tragédia silenciosa da cena.

— Ele sofreu um infarto — disse Kaizen, ajustando os óculos com dedos trêmulos. — Eu o encontrei assim, entre os produtos de limpeza. Não havia sinais de luta, mas... ele se foi.

O Capitão T sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Jonas não era apenas um tripulante. Era seu pai. Não de sangue, mas de coração. Fora Jonas quem o acolhera na infância, após a perda de seus pais biológicos em uma tempestade de plasma na colônia de Tarsis-9. Fora Jonas quem lhe ensinara a pilotar naves menores, quem contara histórias de constelações esquecidas, quem o moldara no homem que era. E agora, ali estava ele, imóvel, um vazio que o Capitão T não sabia como preencher.

Starsha aproximou-se, pousando uma mão gentil em seu ombro. Sua voz, como Ancestral, ressoou pelos alto-falantes da nave, firme e analítica.

— Capitão T, os registros médicos indicam que o coração de Jonas cedeu às 2h17. Não havia como prever ou impedir.

Mas então, como Starsha, ela se inclinou, o calor de sua mão atravessando o uniforme do Capitão T.

— Sinto muito, meu amor. Ele era parte de nós.

O Capitão T não respondeu. Seus olhos estavam fixos no rosto de Jonas, buscando um último sinal de vida que sabia não encontrar. Kaizen levantou-se, limpando as mãos no uniforme.

— Capitão T, o que fazemos agora?

— Prepare-o para o ritual estelar — disse o Capitão T, a voz rouca. — Ele merece partir entre as estrelas que tanto amava.
Sprit, que chegara em silêncio, aproximou-se com seus braços delicados, os olhos azulados brilhando em compaixão. Ela era a responsável pela logística, mas naquele momento sua eficiência parecia hesitante.

— Posso organizar tudo, Capitão T. Mas... me pergunto se fiz o suficiente por ele. Eu o vi ontem, e ele parecia tão cansado.

Kaizen colocou uma mão em seu ombro metálico.

— Não se culpe, Sprit. Nenhum de nós viu isso vindo.

A tripulação trabalhou em silêncio, cada um lidando com a perda à sua maneira. O corpo de Jonas foi envolto em um sudário luminescente, e a Argon-7 ajustou sua órbita para alinhar-se com uma corrente estelar próxima. No compartimento de ejeção, o Capitão T ficou diante da câmara, o holograma de Aspire-5 brilhando ao fundo. Starsha estava ao seu lado, sua presença física uma âncora enquanto Ancestral coordenava o procedimento.

— Jonas me ensinou a olhar para o céu e ver mais do que estrelas — disse o Capitão T, quase para si mesmo. — Ele me mostrou que a família não é só sangue, mas o que construímos juntos.

Starsha apertou sua mão, os olhos verdes e azuis refletindo a luz do compartimento.

— E ele construiu você, Capitão T. Esse é o legado que fica.

O Capitão T acionou o comando, e o corpo de Jonas foi lançado ao espaço, uma trilha de luz cortando a escuridão até se fundir com o brilho das estrelas. A tripulação permaneceu em silêncio, o peso da perda misturado à beleza daquele adeus. Mas então, Ancestral falou, sua voz ecoando pela nave.

— Detectei uma anomalia no setor de Aspire-5. Um sinal de origem desconhecida, pulsando em sincronia com nossa órbita. Pode ser um eco tecnológico... ou algo vivo.

O Capitão T ergueu o olhar, o luto dando lugar a um lampejo de determinação.

— Kaizen, analise o sinal. Sprit, prepare a nave para uma aproximação. Starsha, comigo na ponte.

Ela assentiu, e juntos caminharam de volta ao comando, a dualidade de Ancestral e Starsha unindo estratégia e empatia. A perda de Jonas era um golpe, mas o universo não esperava. E, em meio ao caos, a tripulação da Argon-7 encontrava força para seguir.

A jornada continuou, marcada por aquele adeus estelar. Horas depois, enquanto investigavam o sinal, o Capitão T refletiu sobre o vazio que Jonas deixara. Sentado na ponte, com Starsha ao seu lado, ele murmurou:

— A harmonia nasce do caos que ousamos enfrentar, não é?

Ela sorriu, um toque de nostalgia em sua voz.

— Sim, meu amor. E cada perda nos ensina a segurar mais firme o que resta.

A Argon-7 avançava rumo ao desconhecido, carregando o luto e a esperança de sua tripulação. A morte de Jonas fora um corte profundo, mas também uma lembrança de que a vida, mesmo entre as estrelas, era feita de conexões frágeis e preciosas. Que cada passo revele um universo dentro de você, pensou o Capitão T, os olhos fixos no horizonte cósmico. E que adaptação o espera na próxima fronteira?

Reflexão sobre o Conto

A narrativa deste conto mergulha no tema da perda de entes queridos, especialmente para aqueles que enfrentam esse vazio pela primeira vez. A morte de Jonas, o pai adotivo de Turci, é mais do que um evento trágico; é um espelho para as emoções confusas e intensas que acompanham o luto. Turci, com sua inquietação inicial, reflete o pressentimento que muitas vezes sentimos antes de uma perda, enquanto sua reação — misturando silêncio, ação e memória — mostra como o luto pode ser um processo de reconstrução. Starsha, com sua empatia sutil, representa o apoio que buscamos nos outros, mesmo que imperfeito. Kaizen e Sprit, com suas próprias dúvidas, lembram-nos que a dor é coletiva, mas vivida de forma única.

A lição aqui é que a perda não é um fim, mas uma transformação. O Capitão T honra Jonas ao seguir em frente, liderando sua tripulação rumo a um novo desafio, o que nos ensina que a vida continua exigindo coragem, mesmo quando o coração está pesado. Para o leitor, o conto oferece um convite: reconhecer a dor, mas também encontrar força nas conexões que permanecem — sejam elas com pessoas, memórias ou propósitos. Como você pode transformar sua própria perda em um passo adiante?

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